segunda-feira, 3 de novembro de 2008

As 20 Melhores Cachaças

Um juri formado por 13 experts no assunto que elegeram as 20 melhores cachaças do Brasil.
Confira a lista com o ranking das melhores aguardentes brasileiras.

O Ranking da Cachaça brasileira

Cada vez mais o Brasil deixa de se envergonhar do seu destilado. A boa e velha cachaça há muito deixou de ser uma bebida sem valor. Hoje é apreciada. Fatores que, combinados, impulsionam um mercado promissor, com lucro de até 600 milhões de dólares ao ano.
São mais de 5 mil marcas de cachaças legalizadas no Brasil e uma produção de cerca de 1,4 bilhão de litros ao ano. Nessa conta estão desde cachaças artesanais que levam anos para ficarem prontas e podem custar 500 reais a garrafa, até pingas industriais produzidas em algumas horas e vendidas a 2 ou 3 reais. Um abismo não só no preço, mas principalmente de qualidade. Dizer qual a cachaça tem sabor mais intenso, melhor buquê, melhor aroma e, em especial, qual realmente vale o que se paga por um vinho importado não é tarefa simples.
Para isso reuniram 13 experts no assunto para votar nas melhores cachaças do Brasil. Apurada a votação, o químico brasileiro especialista em destilados Erwin weimann, autor do livro Cachaça: A Bebida Brasileira, foi convidado à Universidade da Cachaça, para ao lado do chef Sérgio Arno, dono da casa, degustar e comentar cada uma das 20 escolhidas.
Confira aqui quais são, segundo os bons entendedores, as melhores aguardentes do país.

As 20 Melhores Cachaças:

20º Lugar - Volúpia

Procedência: Alagoa Grande, PB
Graduação alcoólica: 42%
Envelhecimento: descansada um ano em Freijó.


Bebida de sabor forte e bastante pronunciado, a paraíbana Volúpia é uma das duas representantes das cachaças nordestinas na votação dos especialistas. Descansada em freijó, uma madeira típica do nordeste, raramente usada por outros produtores e que aos poucos interfere na bebida, o que explica a cor branca dessa aguardente.

19º Lugar - GRM

Procedência: Araguari, MG
Graduação Alcoólica: 41%
Envelhecimento: dois anos em carvalho, umburana e jequitibá-rosa.


Cachaça envelhecida de excelente equilíbrio e harmonia. A combinação de três madeiras suaviza a força da umburana e proporciona um sabor palatável, puxado para o amargo.

18º Lugar - Seleta

Procedência: Salinas, MG
Graduação alcoólica: 42%
Envelhecimento: dois anos em umburana.


Por ser envelhecida em umburana, que empresta um gosto ocre, forte e persistente por muito tempo. Recomendada aos que gostam de sabores intensos.

17º Lugar - Abaíra

Procedência: Chapada Diamantina, BA
Graduação Alcoólica: 42%
Envelhecimento: três anos em carvalho.



Límpida e brilhante, com aroma suave. Nela prevalece o carvalho, que virou um símbolo de qualidade entre destilados, por conta dos whiskies e cognacs.

16º Lugar - Lua Cheia

Procedência: Salinas, MG
Graduação Alcoólica: 45%
Envelhecimento: entre dois e três anos em bálsamo.


A cachaça Lua cheia é uma das mais típicas de Salinas. O balsámo confere a ela uma cor dourada e cintilante, além de trazer um sabor amadeirado e levemente apimentado.

15º Lugar - Mato Dentro

Procedência: São Luiz do Paraitinga, SP
Graduação Alcoólica: 41%
Envelhecimento: descansa 8 meses em amendoim


Na variação prata, a escolhida pelos votantes, ela é envelhecida em tonéis de amendoim, uma madeira neutra, que interfere pouco na aguardente, e dá a coloração límpida. Tem sabor e aroma delicados, próximos da cana. Quase com "cheiro de roça".

14º Lugar - Corisco

Procedência: Parati, RJ
Graduação Alcoólica: 45%
Envelhecimento: dois anos em carvalho



É uma cachaça jovem, que ainda precisa envelhecer, afirmam os participantes da votação. A combinação de muito álcool e pouco envelhecimento, características das cachaças de Parati, resulta numa bebida forte e picante. Boa representante das pingas da região.

13º Lugar - Sapucaia Velha

Procedência: Pindamonhangaba, SP
Graduação Alcoólica: 40,5%
Envelhecimento: dez anos em carvalho


É do envelhecimento no carvalho que vem o sabor e o buquê acentuados. Criada em 1930, tem fama de ser produzida com extremo cuidado.

12º Lugar - Indaiazinha

Procedência: Salinas, MG
Graduação Alcoólica: 48%
Envelhecimento: oito anos em bálsamo


De cor dourada, passa por longo envelhecimento no bálsamo, o que dá a ela um sabor ligeiramente semelhante ao de amêndoa. "Para se beber de joelhos", diz Weimann.

11º Lugar - Maria Izabel

Procedência: Parati, RJ
Graduação Alcoólica: 44% (o rótulo indica, erroneamente, 42%)
Envelhecimento: entre um a quatro anos em carvalho


Suave e agradável, de baixa acidez. Aroma e sabor lembram a cana. Se destaca entre as cachaças de Parati pelo esmero da produtora e pelo uso do carvalho.

10º Lugar - Piragibana

Procedência: Salinas, MG
Graduação Alcoólica: 47%
Envelhecimento: 22 anos em bálsamo e carvalho


A Piragibana é harmônica, com sabor e aroma persistentesm ainda que delicados - resultado do longuíssimo envelhecimento em básamo e carvalho.

9º Lugar - Magnífica

Procedência: Miguel Pereira, RJ
Graduação Alcoólica: 45%
Envelhecimento: três anos em carvalho


Uma cachaça equilibrada. Apesar dos 45% de graduação alcoólica, a Magnífica é uma bebida suave, que desce fácil e apresenta buquê simples de cana jovem. Sua cor límpida é mais um destaque.

8º Lugar - Armazém Vieira

Procedência: Florianópolis, SC
Graduação Alcoólica: 44%
Envelhecimento: quatro anos em ariribá



O araribá, madeira do litoral catarinense pouco usada no armazenamento de cachaças, tem interferência mínima na bebida e permite que ela envelheça sem afetar o gosto da cana. Desce macia, segundo os especialistas, pois o frescor da cana equilibra bem com a madeira.

7º Lugar - Casa Bucco

Procedência: Passo Velho, RS
Graduação Alcoólica: 40%
Envelhecimento: dois anos em bálsamo e carvalho


Seu aroma e o sabor de carvalho são persistentes e lembram um bom brandy. É ácida e um pouco forte, sabores típicos de um terroir com ph elevado. Para quem gosta de carvalho e de tudo o que a madeira empresta à bebida.

6º Lugar - Boazinha

Procedência: Salinas, MG
Graduação Alcoólica: 42%
Envelhecimento: dois anos em bálsamo


Cor brilhante e viscosidade perfeita, com forte presença do bálsamo no aroma e no sabor, que persistem longamente. A boazinha é uma clássica representante de Salinas, por causa da influência da madeira: cor bem amarelada e sabor marcante.

5º Lugar - Claudionor

Procedência: Januária, MG
Graduação Alcoólica: 48%
Envelhecimento: entre um e meio e dois anos em carvalho


A cidade de Januária já foi sinônimo da bebida, mas perdeu a vez para Salinas como região emblemática da cachaça mineira. A Claudionor, porém, é ótima opção para quem gosta de cachaça à moda mais antiga, forte, com muito gosto de cana. Para adequar-se à nova legislação, teve de reduzir seus 54% de graduação alcoólica para 48%. Transparente, apesar de bem envelhecida, Claudionor tem buquê neutro, de cana madura e bem descansada, cujo gosto persiste na boca. É uma cachaça com corpo, equilibrada, perfeita para quem foge das madeiras.

4º Lugar - Germana

Procedência: Nova União, MG
Graduação Alcoólica: 40%
Envelhecimento: dois anos em carvalho e bálsamo


Facilmente reconhecida numa prateleira devido à embalagem, a garrafa da Germana é toda revestida de folhas secas de bananeira por mulheres artesãs do Engenho de Nova União. O objetivo é proteger a bebida da luz e do calor e assim manter suas características. Antes de ser engarrafada,a Germana envelhece dois anos em tonéis de carvalho e bálsamo. O resultado é uma cachaça suave, com sabor sutil, que pode agradar também o público leigo.

3º Lugar - Canarinha

Procedência: Salinas, MG
Graduação Alcoólica: 44%
Envelhecimento: três anos em bálsamo


A procedência e o sobrenome do produtor são belas credenciais. Produzida em Salinas, a Canarinha é feita por Noé Santiago, sobrinho de Anísio Santiago, criador da famosa cachaça Havana. Antes de ser embalada nas tradicionais garrafas de cerveja, ela é envelhecida por três anos em tonéis de bálsamo, o que lhe confere uma cor suave, amarelinha, e um sabor levemente apimentado, típico das aguardentes de Salinas. Para Weimann, a cor dourada como um champagne, o sabor frutado e o buquê de flores do campo e capim fazem a diferença. "É um cachaça das mais puras, equilibradas, persistente e excelente", garante Weimann.

2º Lugar - Anísio Santiago

Procedência: Salinas, MG
Graduação Alcoólica: 44,8%
Envelhecimento: entre seis e oito anos em carvalho e bálsamo


Anísio Santiago é mais que uma cachça - é um mito. Forte, com cheiro de madeira seca, um leve amargor que permanece na boca, sabor e aroma persistentes. "O segredo de Anísio é a combinação de madeiras diversas. Não é perfeita, é mais uma boa cachaça, um ícone a ser reverenciado", diz Weimann. E que se tornou mitológica devido a uma questão judicial: a Havana perdeu o nome e foi rebatizada como Anísio Santiago. Hoje, uma garrafa antiga de Havana chega a custar mais de 20 mil reais. "É marketing 'cubano': 'a gente faz por gosto, dane-se o mercado, quem quiser que corra atrás'. Ainda que haja uma dúzia de cachaças tão boas quanto ela por 10%", diz o jornalista Ronaldo Ribeiro, autor de várias reportagens sobre Havana. O preço de uma Anísio Santiago varia bastante, podendo custar entre 200 e 300 reais em São Paulo. "A expectativa é tão grande que, ao provar, no primeiro gole você já está fascinado", garante Ribeiro. Tal é o sabor de uma boa história.

1º Lugar - Vale Verde

Procedência: Betim, MG
Graduação Alcoólica: 40%
Envelhecimento: três anos em carvalho


A campeã é uma cachaça correta em todos os sentidos. É produzida na fazenda Vale Verde que, além de engenho de cachaça, é também um parque ecológico, com visitas guiadas onde se pode conhecer os "Segredos" da produção. A aguardente é equilibrada, encorpada e madura. Segundo os produtores, suas técnicas de fermentação e destilação foram baseadas naquelas praticadas na Europa para a fabricação de Whiskies. Isso proporciona um produto final equilibrado, estável, pronto. Os três anos em tonéis de carvalho explicam a cor dourada e o buquê marcante de madeira. É justamente esse envelhecimento que garante o equilíbrio da bebida, que desce redondinha, sem aspereza. A cana colhida no ponto certo, fruto dos solos calcários da região de Betim, a fermentação nos antigos alambiques de cobre e a criteriosa escolha dos barris de carvalho garantem a cor brilhante e o sabor adocicado persistente. Além disso, a Vale Verde tem a melhor relação custo-benefício: uma garrafa custa, em média, 30 reais.

Onde comprar:

Cachaça & Cia.: www.cachaca.com.br
Cia do Whisky: Tel (11)5055-6000
Cachaçaria Paraty: Tel (24)3371-1054
Cachaças do Nordeste: www.cachacadonordeste.com.br
Grife da Cachaça: www.grifedacachaca.com.br

Fonte: Ranking Playboy da Cachaça - por Willian Veira

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu experimentei as 6 melhores colocadas e algumas que não constam no ranking. Fiquei surpreso com o Velho Barreiro Gold reserva (de apenas R$ 7,90!). Essa boa cachaça está entre as melhores, na minha opinião: para mim, está à frente da Claudinor, da Germana e da Canarinha, perdendo apenas para a Vale Verde.

Entre as 6 primeiras do seu ranking (tirando a Vale Verde, que me pareceu inegavelmente melhor, e a Anísio, que não experimentei), parece-me que não se pode determinar com clareza as posições, já que o sabor de cada uma é bastante particular e o álcool parece igualmente suave.