terça-feira, 3 de março de 2009

Lampião - Robin Hood da Caatinga ou Líder Sanguinário?

Lampião, nome de batismo, Virgulino Ferreira da Silva, foi o cangaceiro líder do bando mais temido e sanguinário do sertão brasileiro, que chegou a ser chamado 'O Robin Hood da Caatinga', que roubava aos ricos para dar aos pobres. Mulato de aproximadamente 1,70, cego de um olho e muito vaidoso, ostentava em seus dedos anéis e no pescoço um lenço.



O fenômeno do cangaço ocorreu no polígono das secas, região do semi-árido nordestino conhecida como caatinga. Cangaceiro era o nome dado aos foras-da-lei que viveram de forma organizada na região do nordeste brasileiro, no período de 1920 a 1940, levando morte, medo à população do sertão.
Era muito comum no sertão brasileiro, as rivalidades por causa de terras, e numa dessas rixas entre famílias do sertão, os pais de Lampião foram assassinados. Revoltados, Lampião e seu irmão juraram se vingar da morte de seus pais e por isso entram para o cangaço.



Em 1922, Lampião assume a liderança do bando de cangaceiros chefiado, até então, pelo cangaceiro Sinhó Pereira.
O bando de Lampião era composto por cinquenta pessoas entre homens e mulheres. Patrocinado por coronéis e grandes fazendeiros que forneciam abrigo e apoio material, o bando chefiado por Lampião tinha o hábito de invadir cidades e vilarejos em busca de comida, dinheiro e apoio, e quando bem recebidos, a população desfrutava de baíles animados com muita música, dança (xaxado) e distribuição de esmolas. Mas quando o bando não conseguia apoio na cidade, Lampião e seu bando eram impiedosos, arrancavam olhos, cortavam línguas e orelhas, castravam homens e estuprava mulheres e a marcavam com ferro quente. Mesmo sendo autor de tanta atrocidades, Lampião se dizia um homem religioso e carregava uma imagem de Nossa Senhora da Conceição e um Rosário.
Em 1926 foi chamado pelo Padre Cícero para uma conversa onde foi repreendido por seus crimes e recebeu a proposta de combater a Coluna Prestes, grupo revolucionário que se encontrava no nordeste. Em troca Lampião receberia anistia e a patente de capitão dos batalhões patrióticos. Animado com a proposta, Lampião e seu bando partiram à caça dos revolucionários, mas quando Lampião chega a Pernambuco a polícia cerca seu bando e ele descobre que a anistia e a patente prometida não existia. Mas uma vez Lampião e seu bando voltam ao banditismo.



No final de 1930, lampião conhece sua grande paixão, Maria Bonita, mulher de um sapateiro que se apaixonou por Lampião e com ele fugiu.
Figura lendária ao lado de Lampião, Maria Bonita, a primeira mulher a participar de um bando de cangaceiros, ficou conhecida como a 'Rainha do Cangaço'. Maria Bonita, além de cuidar dos afazeres domésticos, também participava das atividades de combate, mas muitas vezes impediu alguns atos de crueldade de Lampião.
A história de Lampião e Maria Bonita durou aproximadamente 8 anos, quando no dia 28 de julho de 1938, o bando de Lampião foi cercado e morto em Angicos, Sergipe, os integrantes do bando foram degolados e as cabeças expostas como troféus na escadaria onde hoje funciona a Prefeitura de Piranhas (AL).



As cabeças decepadas são: (de baixo para cima e da direita para esquerda)
1. Lampião 2.Quinta Feira 3. Maria Bonita 4. Luiz Pedro 5. Mergulhão 6. Manoel Miguel (Elétrico) 7. Caixa de Fósforo 8. Enedina 9. Cajarana 10. Moeda 11. Mangueira.

Muitos historiadores acreditam que o bando tenha sido envenenado antes da degola, uma traição que pôs fim aos crimes cometidos pelo bando de Lampião que sempre contou com o aval de coronéis, a incompetência das autoridades do sertão brasileiro e o descaso do governo federal.



Esse ano a morte de Lampião completa 70 anos e as lendas e mito sobre o cangaceiro e sua saga no sertão nordestino permanecem viva no imaginário popular. Sua herança está no cinema, na dança (xaxado), na cultura popular, na pintura, no artesanato, na literatura, principalmente na literatura de cordel.

Conheça as seis principais lendas sobre Lampião

Segundo o Historiador, João souza Lima, existem seis mitos e lendas a respeito das atrocidades cometidas por Lampião, que ainda persistem. São elas:

Testículo na gaveta

Segundo o historiador, um certo dia, um sujeito estava cometendo crime de incesto e foi flagado por Lampião, que ordenou ao criminoso colocar os testículos na gaveta e fechar com chave. Lampião deixou um punhal sobre o criado-mudo e disse: "Volto em dez minutos, se você ainda estiver aqui eu te mato".

Crianças no punhal

Conta essa lenda, que a população, com medo da fama de violento de Lampião, acreditava em todas as histórias sobre o cangaço. uma delas foi criada com o objetivo de afungentar os sertanejos que ajudavam a esconder cangaceiros. Os policiais da época espalhavam pela cidade que Lampião jogava as crianças para o alto e as parava com um punhal.

Lampião macaco

Segundo essa lenda, Lampião só conseguia se esconder na mata durante as perseguições das volantes (polícia da época), porque subia nas árvores e fugia pelos galhos das copas. O historiador conta que isso foi publicado em um livro sobre cangaço como se fosse verdade, e muita gente ainda acredita nessa história. "Quem conhece a caatinga sabe que na região onde Lampião passou e lutou não havia árvores com copas."

Você fuma?

Outra lenda diz que Lampião teria sentido vontade de fumar e sentido o cheiro da fumaça do cigarro. Ele caminha um pouco e encontra um sujeito fumando. O cangaceiro vai até o homem e pergunta se ele fuma. O indivíduo vira para olhar quem conversava com ele e, asustado por ver que era Lampião, responde com medo: "Fumo, mas se quiser eu paro agora mesmo!".

História do sal

É muito comum ouvir no nordeste até hoje, que Lampião chegou à casa de uma senhora e pediu que ela fizesse comida para ele e para os cangaceiros. Ela cozinhou e, com medo de Lampião, acabou por esquecer de colocar o sal na comida. Um dos cangaceiros reclamou que a comida estava sem gosto. Lampião, teria pedido um pacote de sal para a mulher, e despejou na comida servida ao cangaceiro reclamante e o forçou a comer toda comida do prato. O cangaceiro teria morrido antes de terminar de comer.

Lampião Zagueiro

Segundo o historiador, na década de 1960, uma empresa pesquisadora de petróleo no Raso da Catarina, em Paulo Afonso (BA), abriu uma pista de pouso para trazer os funcionários de outras regiões que iriam executar trabalhos de pesquisa. Sem ter encontrado petróleo, apenas algumas reservas de gás, a empresa deu por fim as pesquisas. Na década de 1970, um estudioso do cangaço teria encontrado o campo de pesquisa parcialmente encoberto pelo mato e escreveu, em livro, que aquele seria um campo de futebol construído por Lampião. "O pesquisador ainda teria reportado, de maneira totalmente infundada, que o rei do cangaço teria atuado no time como zagueiro".

Leia mais:
Rosane volpatto / Lendas Lampião

Fotos - Google Imagem

20 comentários:

Ismachado disse...

Líder sanguinário... um dos maiores!!!

Anônimo disse...

Acho que ele foi um pouco dos dois. O poder que tinha certamente proporcionou a prática de atrocidades. E, ao mesmo tempo, ajudava muitos pobres no nordeste.

Alcione Torres disse...

Tem selo para você!!
http://sarapateldecoruja.blogspot.com/2009/03/novos-selos.html
Abs.

Anônimo disse...

Padim Cícero era então um mentiroso? Beth, acho que tem que mudar a colocação.

Segundo Jackson Rubem, escritor baiano que escreveu "Histórias, casos e lendas" quando o bando de Lampião foi atacado na Fazenda Angicos, este teria apenas se ferido no pé. Seu pai, o cangaceiro Manoel Pereira de Souza o teria transportado até Petrolina, e de lá o despacharia para Minas Gerais, onde foi fazendeiro bem sucedido e viveu até os anos 70.

Beijus,

Anônimo disse...

Olá Luma,
É sempre um prazer receber um comentário seu.
Mas Luma, quanto ao nosso padim Cícero, não acredito em sua traíção, acredito sim, que ele tenha sido usado pelo poder para pegar o bando de Lampião. Até porque ele não era autoridade para poder anistiar Lampião e seu bando e muito menos oferecer à Lampião a patente de capitão dos Batalões Patrióticos. Fica claro então, que não se trata de uma acusação a Padre cícero de traídor. (Fonte: "Lampião", Billy Jaynes Chandler, Paz e Terra, 2003)
Agora quanto ao escritor baiano Jackson Rubem, deve haver um grande equívoco, pois o nome do pai de Lampião era José Ferreira da Silva. O cangaceiro Manoel Pereira era chefe do bando que Lampião passou a fazer parte com o intuito de se vingar daqueles que assassinaram seu pai. Mais tarde o comando desse bando foi dado a Lampião por Manoel Pereira.
Dizer que Lampião viveu até os 70 anos como fazendeiro bem sucedido em Minas Gerais é mais uma das muitas lendas em torno do assunto. A degola do bando em 1938 é um fato incontestável. Sobre as circunstância do assassinato do bando existem muitas lendas também. A foto da Degola não deixa dúvidas a respeito.
As lenda e mitos que giram em torno desse assunto são tantas e tão vivas no imaginário popular que transformarão esse assunto num vasto campo da imaginação literária.
Abraço Luma

Anônimo disse...

Lampião foi sim um bandido, nada de líder revolucionário, muito menos Robin Hood.
Assassino da pior espécie, como o resto de seu bando, aterrorizou ricos e pobres.
Esse papo de que entrou no cangaço pra se vingar que mataram os pais é cascata, nunca se vingou de nada, foi só desculpa pra cometer suas atrocidades.
Deixem de ser bobos e ficar romantizando criminosos como Lampião, Che, Fidel, Chávez e toda essa corja imunda.
Minha família é nordestina e não era de latifundiários e eu sei por meus avós do terror que era quando o bando de Lampião se aproximava da cidade deles no sertão da Bahia.

Anônimo disse...

Lampião, na minha opinião, foi um líder sanguinário,baderneiro, bandido, pura e simplesmente. Sua biografia mostra que, desde de
adolescente tinha o instinto ruim sempre gostou de de andar armado tinha a fama de brigão e gostava de se exibir. Lampião nunca esteve ligado a nenhuma causa que pudesse enobrecer sua pessoa. Ele gostava mesmo era de vida fácil: roubar e matar. O cenário de injustiça do sertão nordestino favoreceu o banditismo de Lampião e seu bando.

Ana Maria disse...

Ele simplesmente agiu de acordo com sua crenças e é uma das maiores personalidades nordestinas, pois de acordo com "olho por olho, dente por dente, ele apenas agiu de acordo com o marco de ver seus pais mortos cada um leva e entende da maneira que acha conveniente, mas aos meus olhos ele é um dos nomes que devem ser relembrados por todos os nordestinos que valorizem sua região, adorei o texto bjinhos.

Anônimo disse...

lampião foi pro povo da epoca dele o q os cangaçeiros de brasilia são pra gente hoje,vcs n veem uma certa semelhançia.

Unknown disse...

O que faz um bicho acuado, depois que nao tem mais pra onde correr? ele ataca! e facil criticar Lampiao pelas coisas ruins que ele fez, mas o dificil e ter vivido em um tempo de opressao em que viveu. Serve de reflexao para nos que vivemos em um pais onde acontece "mensalao", "Cueca recheada de dolar", escandalos fraudulentos e uma rede de corrupçao intriseca aos costumes do brasileiro, que vai de um "furar fila" ou propina ao guarda pra n levar multa, ate estes escandalos de Brasilia.
Se quando isto acontecesse surgisse um "novo Lampiao", que desse um tiro na testa de politico corrupto, hoje nos estariamos vivendo em um Pais de verdade!
O cangaço foi uma expressao do descontentamento do povo de sua epoca, e nos de braços cruzados na frente da tv, tomando coca-cola!
Viva o Cangaço!

BIAS disse...

Lampião é, sem dúvida, uma figura lendária. Mas isso não o torna alguém romântico e bondoso. Ele e seu bando eram essencialmente perversos e faziam do terror um meio de submissão de uma população carente de tudo e de sobrevivência, até com um certo enriquecimento. Os coronéis o utilizavam em suas campanhas políticas, como meio de garantir votos e, em troca, lhe davam dinheiro e objetos. Maria Bonita surge apenas da necessidade masculina dele e, ela própria, por sua atitude de largar o marido para fugir com um cangaceiro, era alguém, no mínimo, sem caráter. Meu avô (Raimundo Leão) e meu Tio avô (Cornélio de Aragão Mendes), lutaram contra o bando de Lampião, quando este tentou invadir Mossoró/RN (Registro no Museu da Resistência em Mossoró/RN).
Pe. Cícero tinha certa influência sobre ele. Tanto que nenhum dos seus crimes foi cometido no estado do Ceará, após a conversa com o "Padim".
Se todas as pessoas que tiveram parentes injustamente assassinados e ao ver os assassinos ficarem sem punição, resolvessem formar um bando e pegar em armas para se vingar, ia ter que se criar uma legislação própria para trânsito de bandos no Brasil.

Beth Cruz disse...

Olá Bia,
Compartilhamos da mesma opinião a respeito do lendário, baderneiro e cruel marginal do sertão brasileiro.

Abç

Harlei Cursino Vieira disse...

Acabei de assistir a um filme sobre Lampião e Maria Bonita, filmado em 1982, com os atores:Nélson Xavier, Tânia Alves, Roberto Bonfim, Arnald Rodrigues, Cláudia Corrêa e Castro e outros.

VITRINE DE ARTES PLASTICAS disse...

As rixas entre famílias eram freqüentes no sertão, em especial quando envolviam questões acerca dos limites das propriedades e uma dessas rixas envolveu a família de José Ferreira da Silva com seu vizinho José Saturnino. Além de alguns tiroteios, o conflito terminou com a decisão de um CORONEL LOCAL em favor de Saturnino.
Revoltado por seu pai ter sido lesado nos limites de suas terras, Virgulino e dois irmãos teriam se juntado ao bando do cangaceiro Sinhô Pereira, em busca de vingança. Corria o ano de 1920 e - devido a sua capacidade de disparar consecutivamente, iluminando a noite - Virgulino ganhou o apelido de Lampião. Possivelmente em função disso, a polícia cercou o sítio da família e matou seu pai a tiros. Resultado: Lampião e os dois irmãos entraram definitivamente para o cangaço.
Desde então será que a justiça brasileira mudou muito, quem queizer que como do pãp mofado e beba das aguas amargas que ele bebeu e só então depois disto faça seu jugamento, falar e mais facil que ter uma relação sexual !.

Att. Artista plastico Flavio Soté
www.sotesartetelas.blogspot.com
Orkut- Pintor Flavio Soté

Unknown disse...

bem todos falam das maravilhas e historias desse virgolino e ate bonito para a familia deles se reencontrar em são paulo e fazer esta confraternização de emoçoes de ver e rever as tolerancias feita por lampiao tenho aqui um vizinho que mora perto de casa tem 102 anos de idade conhece bem as coisas e as feitorias deste homem chamado Virgolino ele me disse que seus pais tambem foram assacinados nessa epoca e que graças a Deus não precisou fazer o que este homem fez e que este homem esta no quintos dos infernos pagando por cada alma de inocente que tirou e outra coisa ele me disse como era que sente os parentes de lampiao sera que acha bonito este papel que ele fazia sobre esta historia de criança no punhal ele confirma que e verdade nao e mentira e outra o que se passa na cabeça de um homem que seus pais foram assascinados degolando crianças indefezas para mim este homem não tem historias de guerreiro como Robin Hood da Caatinga ou Líder para mim ele e um psicopata assacino

Anônimo disse...

eita que lâmpião foi um cabra da peste mermo...

Anônimo disse...

adimiro muito o cabra sou nordestino...

Anônimo disse...

o culto a lampiao é uma demonstração de atraso educacional e cultural no nordeste.

Anônimo disse...

so no brasil,que bandido e heroi,lista de (herois)do brasil lampiao,diabo loiro,madame-sata,escadinha,prestes,beira-mar,goleiro bruno,e outros...,coitados sao todos vitimas da sociedade e dessas leis,tao (severas).eu acho que essa cambada e ate inossente coitados, bandido sou eu que levanto as5 da manha pra ir trabalhar e volto as 9 da noite, eu e que sou marginal.esses ai sao herois.

Anônimo disse...

concordo que o culto a lampião é uma demostração de atraso cultural, dai a criticar a cultura nordestina é criticar tbm todo o resto do Brasil
pois o que seria do pais ( principalmente o sul )se não foce o povo nordestino e sua cultura de coragem e trabalho?!