quinta-feira, 2 de julho de 2009

Pablo Neruda - Poeta Chileno

Pablo Neruda (1904-1973), poeta, chileno e universal.
"Daquelas terras, daquela argila, daquele silêncio, sai para andar e a cantar pelo mundo."

Neruda foi um dos maiores poetas da literatura contemporânea, cantou o amor, a angústia e versos políticos e de preocupações sociais.
Foi um defensor da América Latina, Embaixador e Senador chileno. Lutou ideologicamente contra o presidente repressor Gabriel González Videla. "Carta íntima para milhões de homens", é uma denuncia as traições e os crimes de Videla, como Senador proferiu o famoso discurso "Eu Acuso" e escreveu "Canto Geral". Apoiou Salvador Allende... Leia mais em, Biografia do Poeta chileno Pablo Neruda.



Poucos poetas chegaram no coração humano da maneira que conseguiu Pablo Neruda. Seus versos estão gravados a fogo na memória dos adultos, mas também se aconchegam nos cadernos e diários íntimos de jovens de tantos países que nele encontraram um companheiro.

Sua riquíssima vida lhe valeu tanto a comovida admiração como o inevitável rechaço. Não chegou a conhecer sua mãe, porém chamou de anjo a sua madrasta, para quem inventou a palavra 'mamadre'.
Pobre de solenidade, esperou ansioso que algum editor publicasse o seu "Residencia en la tierra", em compensação, tempos depois, viu o milionésimo exemplar dos seus "veintes poemas de amor..."

Federico Garcia Lorca, Pedro Salinas, Miguel Hernández, foram seus amigos entranháveis. E dele disse Rafael Alberti: "Pablo quanto te recordamos e amamos os poetas espanhóis, que orgulhosos estamos com tua imensa voz entremeada às nossas".

Pablo Neruda, homem de grandes amores, poeta comprometido com seu povo, com todos os povos do mundo, conheceu as honras diplomáticas e a glória literária: em 1971 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.

"Eu venho de uma escura província, de um país separado dos outros pela cortante geografia. Fui o mais abandonado dos poetas e minha poesia foi regional, dolorosa e chuvosa, mas sempre mantive confiança no homem. Jamais perdi a esperança. Talvez por isso cheguei até aqui com minha poesia e também com minha bandeira."

Poeta Pablo Neruda
Resposta a uma entrevista

Perguntaram o que acontecerá com a poesia no ano 2000.

- É uma pergunta difícil. Se esta pergunta me assaltasse num beco escuro me levaria um susto de pai e senhor meu.
Porque, o que sei eu do ano 2000? Do que estou seguro é que não se celebrará o funeral da poesia no primeiro século.
Em cada época deram por morta a poesia, mas ela se vem demonstrando vitalícia, ressuscita com grande intensidade, parece ser eterna.
A poesia acompanhou os agonizantes e estancou as dores, conduziu às vitórias, acompanhou os solitários, foi ardente como o fogo, ligeira e fresca como a neve, teve mãos, dedos e punhos, teve brotos como a primavera: fincou raízes no coração do homem.



Poesia de Pablo Neruda

Peço Silêncio

Agora me deixem tranquilo.
Agora se acostumem sem mim.

Eu vou cerrar meus olhos.

Somente quero cinco coisas,
cinco raízes preferidas.

Uma é o amor sem fim.

A segunda é ver o outono.
Não posso ser sem que as folhas
voem e voltem à terra.

A terceira é o grave inverno,
a chuva que amei, a carícia
do fogo no frio silvestre.

Em quarto lugar o verão
redondo como uma melância.

A quinta coisa são teus olhos,
Matilde minha, bem amada,
não quero dormir sem teus olhos,
não quero ser sem que me olhes:
eu mudo a primavera
para que me sigas olhando.
Amigos, isso é quanto quero.
É quase nada e quase tudo.

Agora se querem, podem ir.

Vivi tanto que um dia
terão de por força me esquecer,
apagando-me do quadro-negro:
meu coração foi interminável.

Porém porque peço silêncio
não creiam que vou morrer:
passa comigo o contrário:
sucede que vou viver.

Sucede que sou e que sigo.

Não será, pois lá bem dentro
de mim crescerão cercais,
primeiro os grãos que rompem a terra para ver a luz,
porém a mãe terra é escura:
dentro de mim sou escuro:
sou como um poço em cujas águas
a noite deixa suas estrelas
e segue sozinha pelo campo.

Sucede que tanto vivi
que quero viver outro tanto.

Nunca me senti tão sonoro,
nunca tive tantos beijos.

Agora, como sempre, é cedo.
Voa a luz com suas abelhas.

Me deixem só com o dia.
Peço Licença para nascer.

Para conhecer Neruda:

Fonte: Livro, Pablo Neruda - Presente de um Poeta - Tradução de Thiago de Mello
Obra completa de Pablo Neruda pode ser encontrada na Fundacion Neruda

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