No século V a.C., a civilização grega e a cultura grega já estavam estabelecidas. Foi por meio, do que hoje se denomina Linear B (forma primitiva da língua grega), que a civilização e a cultura “gregas” podem ser reconstituídas no que se refere a segunda metade do segundo milênio antes de Cristo. O silabário do Linear B, são códigos registrados em tabuletas de argila que serviam de registros de créditos e débitos das economias centralizadas nos palácios de Pilos, Tirinto e Micenas, no Peloponeso, e outras localidades.
Tabuleta de Argila com o Silabário do Linear B
O Linear B era uma escrita de copistas, inventada e usada principalmente para manter registros; seus escribas eram funcionários palacianos, homens e mulheres da classe alta, portanto, não era de uso geral. Anterior ao Linear B um outro tipo de escrita, o silabário denominado Linear A, era usado em Creta, mas esse ainda não foi satisfatoriamente decifrado e não reproduz o grego e sua linguagem.
Tabuleta de Argila com o Silabário do Linear A
Existe um grande número de artefatos belos, rabiscado e pintado com essa escrita, porém não se sabe ao certo se o silabário do Linear B fosse falado ou não. O Linear B é uma escrita tão mal adaptada para transcrever o grego que os símbolos escritos foram complementados por ideogramas explicativos, ou símbolos de figuras.
Estudos arqueológicos nos mostram que existe um enorme vazio cultural e cronológico entre o mundo do palácio micênico, onde dominavam as figuras literárias de Agamenon e Aquiles, e o mundo da história de polis, ou cidades gregas, onde os épicos homéricos foram criados e acolhidos. Por exemplo, a escrita utilizada para transcrever os poemas homéricos transmitidos oralmente não foi o Linear B, em vez disso, usou-se um alfabeto tomado por empréstimo aos semitas feníncios do atual Líbano, brilhantemente adaptado para poder representar completamente todos os sons gregos. Assim, diferente do Linear B que era uma escrita restrita a um determinado grupo social, o alfabeto era aberto a homens e mulheres, ricos ou pobres, livres ou escravos.
O alfabeto grego se desenvolveu com numerosas variantes locais, provavelmente por volta do século VIII a.C. (799-700). Foi-nos transmitido pelos romanos, que por sua vez o receberam e adaptaram a partir de duas fontes italianas: do Etrusco e das cidades gregas da região que veio a ser conhecida como Magna Grécia (cidades situadas em volta da baía de Napóles e no sul, em torno do “pé” da Itália). A atual palavra “gregos” é uma versão depreciativa, criada pelos romanos, da palavra Graeci, até onde se sabe, os gregos sempre se denominaram “helenos”, embora não haja registro dessa palavra antes dos poemas de Arquíloco de Paros (e mais tarde, de Tarsos), no século VII a.C.
Possivelmente, o grego do Linear B era simplesmente uma espécie de jargão especial, conhecido apenas pelos escribas iniciados. Em todo caso, hoje os especialistas divergem nas suas explicações do relacionamento entre esse grego primitivo, ou protogrego, não atestado depois de 1150 a.C., e o grego atestado a partir do século VIII; um dos traços marcantes deste úlitmo é que engloba vários dialetos regionais, claramente identificados como, Jônico, Eólico, Arcádico-Cipriota.
Próxima abordagem: Os dialetos: Jônico, Eólico e Arcádico-Cipriota.
Fonte: O Livro Grécia Antiga – Coleção Ilustrada – Editora Ediouro. (Uma Obra da Universidade de Cambridge).
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