segunda-feira, 22 de março de 2010

Clarice Lispector

Clarice Lispector é uma das literatas mais cultuadas do Brasil. Lispector nasceu em Chechelnyk, Ucrânia, 10 de dezembro de 1920. Veio para o Brasil, cidade de Recife, com dois meses de idade. Sua família, de origem judaica, sofreu com a perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

 

clarice_lispector poeta

 

Clarice Lispector morou no Recife até 1937 e depois mudou-se para o Rio de Janeiro. Formada em Direito, nunca exerceu a profissão; deu aulas de Português, foi jornalista e tradutora.

Entre os anos 50 e 60, Clarice Lispector assinou vários textos para os jornais Comício, Correio da Manhã e Diário da Noite. Foi também cronista do Jornal do Brasil e o Jornal Última Hora, no período de 1967/1973. Em 1968 Clarice Lispector foi entrevistadora da revista Manchete e da revista Fatos e Fotos.

Clarice Lispector publicou seu primeiro romance em 1943, “Perto do Coração Selvagem”, um livro essencialmente de drama existencialista.

Os livros de Clarice Lispector caracterizam-se pelos questionamentos dos conflitos internos, a solidão, a incomunicabilidade humana.

 

Clarice Lispector por Clarice Lispector

 

“Se tudo existe é porque sou. Mas por que esse mal estar? É porque não estou vivendo do único modo que existe para cada um de se viver e nem sei qual é. Desconfortável. Não me sinto bem. Não sei o que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: Sou secreta por natureza. O que há então? Só sei que não quero impostura. Recuso-me. Eu me aprofundei mas não acredito em mim porque meu pensamento é inventado.”

“Nasci dura, heróica, solitária e em pé. E encontrei meu contraponto na paísagem sem pitoresco e sem beleza. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu – eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possuí: a conivência com o mundo. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite.”

“Essa incapacidade de atingir, de entender, é que faz com que eu, por instinto de… de que? procure um modo de falar que me leve mais depressa ao entendimento. Esse modo, esse “estilo” (!), já foi chamado de várias coisas, mas não do que realmente é: uma procura humilde. Nunca tive um só problema de expressão, meu problema é muito mais grave: é o de concepção. Quando falo em “humildade” refiro-me à humildade como técnica. Virgem Maria, até eu mesma me assustei com minha falta de pudor; mas é que não é. Humildade com técnica é o seguinte: só se aproximando com humildade da coisa é que ela não escapa totalmente. Descobri este tipo de humildade, o que não deixa de ser uma forma engraçada de orgulho. Orgulho não é pecado, pelo menos não grave: orgulho é coisa infantil em que se cai como se cai em gulo que erro dá à vida, faz perder muito tempo.”

Clarice Lispector (Livro - “A Descoberta do Mundo”)

Clarice Lispector morreu um dia antes do seu aniversário de 57 anos, dia 9 de dezembro de 1977.

 

Obras Literárias de Clarice Lispector

 

* Perto do Coração Selvagem (romance) – 1943.

* O Lustre (romance) – 1946.

* A Cidade Sitiada (romance) – 1949.

* Laços de Família (contos) – 1960.

* A Maçã no Escuro (romance) – 1961.

* A Legião Estrangeira (contos) – 1964.

* A Paixão Segundo G.H. (romance) – 1964.

* O Mistério do Coelho Pensante (infantil) – 1967.

* A Mulher que Matou os Peixes (infantil) – 1968.

* Uma Aprendizagem ou um Livro dos Prazeres (romance) – 1969.

* Felicidade Clandestina (contos) – 1971.

* Água Viva (romance) – 1973.

* Onde Estiveres de Noite (contos) – 1974.

* A Via Crucis do Corpo (contos) – 1974.

* A Vida  Íntima de Laura (contos) – 1974.

* De Corpo Inteiro (entrevistas) – 1975.

* A Hora da Estrela (romance que também virou filme) – 1977.

Outro livros, acesse obras de Clarice Lispector

 

clarice-lispector

“Eu não escrevo o que quero, escrevo o que sou.”

“Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada… Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro…”

“Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.”

 

Acesse, Clarice Lispector e conheça mais sobre biografia, os mistérios dessa brilhante escritora brasileira.

Nenhum comentário: